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 Resident Evil - Wesker Report II

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Daniel

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MensagemAssunto: Resident Evil - Wesker Report II   Resident Evil - Wesker Report II Icon_minitimeQua Ago 11, 2010 2:38 pm

Introdução
Antes do “Incidente Resident Evil”, Wesker deixou um registro dos 20 anos anteriores, de todos os eventos que ocorreram nesse período. Ele enviou este relatório a uma “Ada Wong”, mas não temos detalhe algum sobre ela. Nós divulgamos este registro aqui.

ATENÇÃO: o registro a seguir contém spoilers sobre Resident Evil 1,2, 3 e CODE: Veronica.

Capítulos
O Experimento
Alexia I
Alexia II
Nemesis
G-Virus


O Experimento
No verão, há 20 anos atrás, visitei aquele lugar pela primeira vez. Eu tinha 18 anos. Ainda posso sentir o cheiro do ar movimentado pelas hélices do helicóptero. Quando vista de cima, a mansão parecia bem normal, mas quando vista do chão, havia uma sensação de mau agouro ou de que eu não deveria me aproximar dali. Birkin (que era dois anos mais jovem do que eu) parecia, como sempre, estar preocupado somente com os documentos de pesquisa que estava lendo.

Fomos designados para ir à mansão dois dias antes, no dia que eles decidiram fechar o “centro de treinamento executivo” a que pertencíamos. Pareceu que tudo foi cuidadosamente planejado ou era uma grande coincidência. Provavelmente, a única pessoa que sabia de toda a verdade era Spencer.
Aqui, O Laboratório Arklay, era o local que o próprio Spencer estava usando como base da pesquisa do T-Virus.

Assim que deixamos o helicóptero, o diretor do laboratório estava parado em frente ao elevador pronto para nos receber. Eu não consigo nem me lembrar do nome do cara. A patente dele não importava, a partir daquele dia o laboratório era meu e de Birkin. Tínhamos total autoridade como engenheiros-chefe de pesquisa. Claro, esta era a intenção de Spencer. Tínhamos sido escolhidos.

Nós ignoramos completamente o diretor e entramos no elevador. Eu já tinha memorizado a planta do prédio no dia anterior, e Birkin, mesmo sem más intenções, nunca presta muita atenção nas pessoas. Estar junto com a gente por mais de 5 segundos faria com que muita gente ficasse nervosa. O diretor, porém, não esboçou reação. Eu era um jovem egoísta naquela época e não notei sua reação. Afinal de contas, eu era somente um fantoche de Spencer, e o diretor sabia disso, e agia de acordo.

Enquanto estávamos no elevador, Birkin estava concentrado nos documentos, que continham relatórios detalhados sobre o Ebola, um Filovirus que foi descoberto na África dois anos antes. Mesmo agora, muitos pesquisadores por todo o mundo ainda estão estudando o Ebola. Mas por duas razões distintas. Alguns o estudam para salvar vidas, enquanto outros o fazem por motivos bem mais sinistros.

90% dos portadores do vírus Ebola irão morrer. Uma vez infectado, os tecidos do corpo serão destruídos em 10 dias. Não há vacinas ou cura. A utilização desse vírus como arma é incrivelmente assustador.E claro, devido ao “Pacto de Proibição das Armas Biológicas” que já estava em vigor, era ilegal estudar um vírus como arma. Entretanto, é perfeitamente legal pesquisá-lo para impedir uma epidemia, caso ele seja usado como arma por alguém.

Há uma linha tênue nas “leis internacionais” separando as duas pesquisas – na verdade praticamente não há diferenças entre as duas. É preciso investigar o uso como arma para saber como é possível impedir um vírus. Isso significa que é possível fingir pesquisar com o proprósito de prevenção e cura enquanto seu verdadeiro objetivo é o oposto. Porém, Birkin não estava interessado em nenhuma das duas rotas, pois o vírus tinha muitas imperfeições.

Primeiramente, o vírus poderia somente sobreviver por poucos dias fora do corpo humano. Ele “morreria” rapidamente se ficasse sob efeito da luz do sol (raios ultra-violeta) por algum tempo.

Segundo, como o Ebola mata seu hospedeiro muito rapidamente, não haveria tempo suficiente para infectar/transmiti-lo a outros indivíduos. Finalmente, o vírus somente era transmitido por contato direto com fluidos e secreções, o que faz com que sua prevenção seja fácil.

Tente imaginar o seguinte:

E se uma pessoa que estivesse infectada pudesse continuar de pé e andar? E se, inconscientemente, estivesse em contato físico direto com pessoas não infectadas? O gene do ebola é RNA, que pode mutar genes humanos. E se a mutação permitisse que eles tenham uma semi imortalidade, parecida com a de um monstro? Essa criatura seria uma Arma Biológica Humana – para todos os efeitos um morto como ser humano, mas ainda infectando outras pessoas enquanto vivesse. Sorte nossa que o Ebola não possuía essas características. Podíamos manter o vírus com esta capacidade conosco.

A organização, que foi estabelecida por Spencer, tinha esse propósito, a produção dessa “arma viva”.
Oficialmente, éramos somente uma empresa farmacêutica pesquisando curas para vírus, mas na verdade, éramos uma fábrica que produzia armas biológicas. A descoberta do “Progenitor Virus” que pode modificar os genes parecia ser o começo de todo o negócio. Com o objetivo de produzir a “Arma Biológica Humana” a partir do “Progenitor”, era necessário desenvolver uma cepa que aprimorasse essa peculiaridade.

Esse era o Projeto “T-Virus”.

Progenitor é um RNA. Vírus baseados em RNA podem sofrer mutações facilmente. A partir dessas mutações, é possível fortalecer essas cepas. A razão para Birkin estar tão interessado no Ebola era que ele estava pensando em recombinar os genes do vírus com o “Progenitor” para fortalecê-lo. Quando chegamos ao Centro de Pesquisa já havia uma amostra do Ebola esperando por nós. Depois de trocarmos de elevador a elevador nós eventualmente chegamos a unidade de segurança máxima do laboratório.

Até mesmo Birkin tirou os olhos dos relatórios quando nos “a” conhecemos pela primeira vez. Nunca havíamos ouvido uma palavra sobre “ela”. Ela era um segredo de pesquisa dos mais confidenciais do local. E eles nunca deixaram nenhuma informação sobre isso sair do complexo. De acordo com os registros, ela estava no centro de pesquisa desde que havia sido construído. Ela tinha 25 anos.

Nós não sabíamos seu nome nem o porquê de ela estar lá. Ela seria usada como hospedeiro experimental para o desenvolvimento do T-Virus.

O dia que começaram os experimentos foi 10 de novembro de 1967. Ela continuou recebendo injeções de vírus por 11 anos. Birkin resmungou alguma coisa. Talvez suas palavras estivessem amaldiçoando. Talvez fossem palavras de prece. De qualquer forma, nós percebemos que havíamos chegado a um caminho sem volta.
Tínhamos duas alternativas: ser bem sucedidos em nossas pesquisas... ou ficar aqui apodrecendo como ela. E claro, isso queria dizer que só possuíamos uma escolha.

A visão dela amarrada a uma velha cama hospitalar fez algo mudar em nossas consciências. Será que isso fazia parte do plano de Spencer desde o começo?

(O registro continua três anos depois).


Alexia I
27 de Julho de 1981 (Sábado)
(Três anos depois do relatório anterior)

Hoje, uma menina de dez anos foi indicada como pesquisadora sênior no Laboratório do Pólo Sul.
Seu nome era Alexia Ashford.
Eu tinha 21 anos e Birkin, 19.

De forma irritante, o rumor sobre Alexia no Pólo Sul monopolizou a discussão entre os pesquisadores em Arklay.
O nome Ashford era lendário para os funcionários mais velhos que já estão na Umbrella por um longo tempo. Sempre que a pesquisa chegava a um impasse, eles diziam: “se ao menos o Professor Edward estivesse vivo...” Certamente “Dr. Ashford” foi um grande cientista, ele foi um dos responsáveis pela descoberta do “Progenitor Virus” e por planejar o projeto “T-Virus”. Porém, ele morreu logo após a fundação da Umbrella. Treze anos se passaram desde a sua morte. Qual era o sentido em esperar algo vindo dos Ashfords?

Aliás, o Centro de Pesquisas da Antártida, que foi fundado pelo filho de Edward depois de sua morte, não havia tido resultados produtivos até agora. Então, não se pode esperar grandes feitos da neta, Alexia!

Entretanto, a partir daquele dia, nossos subordinados idiotas começaram a dizer: “se ao menos senhorita Alexia estivesse aqui...”.
Parecia que não havia nenhum futuro potencial nesse laboratório. Ainda mais enquanto tivéssemos uma equipe com esse bando de idiotas, que só poderiam julgar alguém a partir de sua linhagem, em vez de usar seus próprios sensos de valor.

Esses tolos nunca tomavam nenhuma iniciativa e continuariam como pesquisadores inferiores, ainda que tivessem um pé na cova. Mas eu era diferente. Eu fazia bons julgamentos. Se eu, enquanto pesquisador chefe tivesse sido emocional, o desenvolvimento do T-Virus teria sido atrasado ainda mais. Para se atingir resultados, um indivíduo deve se manter calmo e decisivo, não importando as circunstâncias.

Então eu tive uma idéia:

O êxito de nossas pesquisas dependia de como lidaríamos com esses “idosos”. Já que eles podem cair mortos a qualquer momento, eles não seriam mais úteis se os utilizássemos para “experimentos mais perigosos”? Afinal de contas, qual o sentido em estar acima das pessoas se você não pode utilizá-las para algo?
No entanto Birkin começou a se tornar um estorvo.
Sua reação aos rumores sobre Alexia foi tão patética.

Embora ele nunca tenha dito, o fato de que ele era o mais jovem pesquisador chefe aos 16 sempre foi motivo de orgulho para Birkin. Mas uma menina de 10 anos partiu seu troféu imaginário em pedacinhos. Essa deve ter sido a primeira vez em que ele se sentiu derrotado. Ele jamais aceitaria alguém que fosse mais jovem, de linhagem nobre e mulher.

Era inimaginável que ele estivesse sendo afetado por uma mudança de funcionários em um lugar tão distante, onde não haviam obtido bons resultados por tanto tempo. Ele não conseguia superar este fato, Birkin era apenas um garoto. Apesar de sua imaturidade, eu precisava fazer com que ele se recompusesse, de qualquer maneira.

Foi durante estes três anos que nossa pesquisa chegou ao estágio dois. Foi ai, que o “T-Virus” se tornou estável suficiente para ser usado para criar uma “arma biológica viva”, melhor conhecidas como “zumbis”.

Porém, era impossível obter uma taxa de 100% de infecção. Há uma sutil diferença entre as pessoas que vírus não poderia superar. A “compatibilidade” também era um fator importante. Cerca de dez por cento dos seres humanos escapariam com sorte e não desenvolveriam a doença, mesmo que o contagio fosse feito a partir de um zumbi. Não tinha nada que pudéssemos fazer sobre isso, não importando o quanto tentássemos. Se obtivéssemos 90% de taxa de sucesso, o vírus seria bom o suficiente para ser usado como arma biológica. Mas Spencer não parecia muito satisfeito.

Nosso chefe queria uma arma suprema que poderia ser usada para apagar uma população inteira da face da terra.

Mas para quê?

Essencialmente, a vantagem das armas biológicas é que possuem custo de desenvolvimento baixo. Mas nossa arma biológica viva havia se tornado muito cara. Spencer jamais teria escolhido esse método se estivesse pensando em retorno financeiro. Se manufaturada para uso em conjunto com uma arma conservadora, a arma biológica viva teria uma utilidade bem mais elegante. Mas manter a pesquisa para fazer uma arma suprema, exterminadora, não fazia sentido financeiro.

Mas por que ele continuou ignorando os gastos? Se seu objetivo era monopolizar toda a indústria bélica mudando os conceitos sobre guerra, talvez eu concordasse um pouco com ele. Mas ainda não sabia exatamente qual era sua verdadeira intenção. Apesar da intenção de Spencer, Birkin estava trabalhando em uma “arma biológica viva’ com ênfase na habilidade de lutar.

Ele estava tentando criá-la não somente mutando genes humanos com o T-virus, mas também adicionando características genéticas de outras criaturas.

A arma biológica lutadora mataria todos os seres humanos, incluindo os usando armadura, ou equipados com roupas de guerra biológica e aqueles que escaparam da morte, por infecção. Este foi chamado de “Hunter”.

Mas havíamos interrompido os experimentos por um tempo – para proteger as cobaias de Birkin. Birkin, que tinha aquele ódio sem sentido algum por Alexia, começou a agir de forma anormal. Ele trabalhou durante toda a noite no laboratório e repetiu experimentos desorganizados, um após o outro.

Eu e minha equipe recolhemos amostras de biópsia o mais rápido possível antes que os espécimes morressem, mas não conseguiríamos ser mais rápidos que ele. O gerente do laboratório trouxe novas cobaias como se nada tivesse acontecido, mas elas não sobreviviam por muito tempo.

Era um inferno.
Mas ela, a cobaia feminina, sobreviveu ao inferno.
Ela tinha 28 anos e até agora já tinha passado 14 no laboratório. As inumeras injeções do vírus 'Progenitor' que ela recebeu nos 14 anos anteriores a privaram de qualquer pensamento lógico, mas se ela ainda tivesse consciência, a morte seria a única coisa que desejaria.

Mas ela continuou a viver. Por que ela era a única a sobreviver?
Os dados dos experimentos não destacavam nenhuma diferença entre ela e outras cobaias.
Precisávamos de muito mais tempo para descobrir a resposta para aquela pergunta.

(O registro continua dois anos depois).

Alexia II
31 de Dezembro de 1983 (Sábado)
(Dois anos após o registro anterior)

Meu sexto inverno no Laboratório de Arklay. Dois anos de marasmo se passaram sem muitos avanços, mas a reviravolta havia finalmente chegado. O que nos estimulou foi um relatório que recebemos naquela manhã.

Alexia havia morrido no complexo do Pólo Sul.

Nos disseram que Alexia foi acidentalmente infectada pelo vírus que ela mesma estava desenvolvendo. Era chamado de “Vírus T-Veronica”. Alexia tinha 12 anos de idade. Era muito nova para dar continuidade a esse tipo de pesquisa perigosa. Começou a circular um rumor de que Alexia havia se infectado deliberadamente com o vírus, mas parecia muito improvável. Provavelmente não havia superado a morte do pai um ano antes e cometeu um erro.

No Instituto no Pólo Sul, a pesquisa de Alexia havia sido tomada pelo irmão gêmeo, seu único parente de sangue. Mas ninguém esperava nenhum resultado significativo proveniente dele. A linhagem Asfhord parecia ter quase se extinguido sem ter produzido nada notável. Como eu suspeitava, uma lenda é, afinal de contas, apenas uma lenda.

A morte de Alexia provocou uma mudança em Birkin – ou devo dizer, transformou Birkin na pessoa que ele costumava ser. Este foi um fator significante para o bem estar mental dele, assim como quando os outros pesquisadores começaram a mostrar mais respeito por ele. Com alexia morta não havia mais ninguém que exibia o potencial maior que o dele.

Contudo, falar sobre Alexia na frente dele ainda continuava ser um tabu. Birkin discordou fortemente quando tentei tomar posse uma amostra do T-Veronica. Eu precisava aguardar a hora certa para encontrar uma oportunidade mais propícia para descobrir a verdade sobre a pesquisa de Alexia.
Apesar de Birkin estar em uma posição muito mais importante, ele nunca amadureceu.

Entretanto, nesses dias, eu tinha assuntos mais relevantes para cuidar.

O Laboratório Arklay era cercado por uma densa floresta. De vez em quando ia até a área externa, mas como o complexo era localizado em uma região montanhosa, nunca encontrei ninguém.

O único meio de chegar ao laboratório era por helicóptero, tornando-o inacessível a estranhos. O isolamento da área e a ausência de pessoas são fatores importantes na escolha do local de um instituto como este, com o objetivo de minimizar um desastre, caso o vírus escapasse.

Contudo, armas biológicas não são tão simples. Os vírus não iriam simplesmente infectar seres humanos.
Nenhum vírus escolhe um único tipo de hospedeiro.

Por exemplo, além de humanos, o vírus Influenza pode infectar aves, porcos, cavalos e até leões marinhos. Isso tudo se torna ainda mais complicado quando se sabe que nem todas as espécies de uma Família podem ser infectadas. Patos e galinhas são infectadas pelo influenza, mas outras espécies de pássaros não são. Além disso, o mesmo vírus pode possuir diversos hospedeiros, dependendo de suas variantes. É impossível conhecer todos os hospedeiros de um único vírus.

O maior problema é a elevada taxa de adaptação do T-Virus.

Enquanto Birkin não estava contribuindo muito, eu estava estudando a possibilidade de uma infecção secundária pelo T-Virus. Eu descobri que ele pode possuir hospedeiros de quase todas as espécies. Não somente mamíferos, mas também plantas, insetos, peixes e que a maioria das espécies têm potencial de multiplicar e espalhar o T-virus.

Enquanto passeava pela floresta, eu pensei...

Por que Spencer escolheu este local?
Havia tantas espécies que coexistiam na floresta.

O que poderia acontecer se o vírus escapasse e entrasse em contato com uma criatura capaz de ser seu hospedeiro?
E se fossem insetos, eles não teriam um papel ameaçador em produzir infecções secundárias, devido ao seu pequeno tamanho.
Mas insetos podem se multiplicar em quantidades enormes.

Nesse caso, até onde o vírus poderia alcançar?
Suponha que fossem plantas. Poderia parecer inicialmente que a possibilidade de espalhar o vírus era pequena, já que plantas não se movem.

Mas e o pólen?
Aquele local era muito perigoso.

Pensando nisso, fazia total sentido os Ashfords terem escolhido o Pólo Sul para local do seu laboratório.
Em contraste, essa local parecia ter sido selecionado propositalmente para espalhar o vírus.

Mas isso não poderia ser verdade, não é?
O que Spencer queria que fizéssemos?

Esses pensamentos eram muito importantes para serem compartilhados com alguém no laboratório.
A única pessoa com quem eu poderia conversar era Birkin. Mas obviamente não havia razão alguma para falar com ele sobre isso.
O que eu precisava era de mais informações.

Nesta época, comecei a sentir limitações na minha situação.
Com o objetivo de descobrir a verdadeira intenção de Spencer, eu precisava estar em uma posição que me daria acesso as informações que eu necessitava.
Eu não hesitaria em desistir da minha posição atual para esse propósito. Mas eu não queria parecer muito apressado, porque se Spencer tivesse alguma suspeita sobre meus verdadeiros motivos, então meu jogo estaria acabado.

Concentrei-me em minha pesquisa com Birkin, para que não fosse traído por meus próprios pensamentos.
Enquanto nos mantínhamos ocupados, a cobaia feminina foi quase esquecida...

Uma falha, sem uso, mas ela continuava a viver. Nós a chamávamos de falha porque não conseguimos obter nenhum resultado válido a partir dela.

Até aquele experimento ocorrer, cinco anos depois...

(o registro continua cinco anos depois).
Nemesis
1º de Julho de 1988 (Sexta-Feira)
(Cinco anos após o ultimo registro)

Era o nosso décimo primeiro verão desde que chegamos ao Laboratório Arklay.
Eu estava com 28 anos.

Birkin era pai de uma menina de dois anos. Sua esposa também era pesquisadora em Arklay. Era difícil de acreditar que alguém poderia se casar e dar a criar uma criança trabalhando ali. Por outro lado, Birkin sendo “diferente” seria capaz de sua pesquisa em Arklay.

Somente os loucos conseguem ser bem sucedidos ali.
Finalmente, após dez anos, nossa pesquisa havia atingido o estágio três.

Uma “arma biológica viva” sofisticada – com inteligência, que poderia obedecer a ordens programadas e agir como um soldado. Este era o monstro que tentávamos criar, e os chamamos de Tyrant.
No começo havia um grande obstáculo – era quase impossível obter um voluntário vivo no qual pudéssemos basear o Tyrant. A base de seres humanos adaptados para se tornar Tyrants era muito limitada.

Isso se devia a natureza do T-Virus.
A cepa do T-Virus que era ideal para criar zumbis e hunters era adequado a maioria dos seres humanos, mas tinha o defeito de reduzir o número de neurônios do hospedeiro.

Para tornar o hospedeiro um Tyrant, precisaríamos manter sua inteligência a certo nível. Para ultrapassar esse obstáculo, Birkin estava trabalhando em extrair uma variante, para que o vírus causasse o mínimo de dano possível ao cérebro, quando se adaptasse perfeitamente ao individuo.
Contudo, humanos com a compatibilidade genética a essa cepa são extremamente raros.

Um relatório de uma simulação feita pela equipe responsável pela análise genética mostrou que somente um em 10 milhões de infectados poderiam se transformar em um Tyrant, enquanto o resto geraria zumbis.
Talvez fosse possível desenvolver uma seleção mais progressiva do T-Virus que poderia transformar mais seres humanos em Tyrants. Entretanto, para levar a pesquisa adiante, antes de tudo, precisávamos de cobaias humanas com perfil genético compatível com a cepa.

Havia uma possibilidade ínfima de conseguirmos uma cobaia como essa, porque mesmo que vasculhássemos todos os Estados Unidos, conseguiríamos achar por volta de 50 espécimes. Na verdade, até agora, mesmo com grandes esforços, só conseguimos algumas amostras com compatibilidade próxima a ideal.
Desde o começo, nossa pesquisa estava em um impasse.

Mas um dia, ouvimos um boato que um laboratório europeu estava trabalhando em um projeto para criar uma terceira arma biológica viva.

Era chamado “Projeto Nemesis”.

Agi rapidamente para obter uma amostra do projeto, para poder usá-la para nosso proveito. Obviamente, Birkin foi contra a idéia, mas eu dei um jeito de persuadi-lo. Ele não tinha escolha, a não ser admitir que nossa pesquisa não iria para frente a não ser que encontrássemos a cobaia compatível.

Alguns dias depois, no meio da noite, um pacote chegou da Europa via vários meios de transporte. Chegou ao nosso heliporto em uma pequena caixa.

“Protótipo Nemesis”.

Tivemos que manipular muita gente para obtê-la do laboratório francês onde o protótipo foi desenvolvido, mas jamais teríamos conseguido sem a ajuda de Spencer.

Birkin não demonstrou interesse algum, mas aceitou a importância do experimento.
As amostras foram desenvolvidas com uma nova técnica. Um organismo parasita, criado por modificação genética – este era Nemesis.
Um organismo vivo com inteligência, mas que não era capaz de fazer algo por si só.

Contudo, quando parasitasse o cérebro de outro ser vivo, tomaria total controle do organismo e demonstraria o quão desenvolvido para o combate ele era. O projeto era para prover inteligência em um organismo infectado e depois prepará-lo para o combate separadamente, e posteriormente combinar as duas características para criar uma arma biológica viva.

Se obtivéssemos sucesso, não precisaríamos mais nos preocupar com os problemas anteriores.
Mas havia um outro problema, o parasita nem sempre agia no hospedeiro na forma como desejávamos.
No relatório anexado à amostra não vimos nada a não ser uma lista de mortes.
Os hospedeiros duraram cerca de 5 minutos até que Nemesis tomou total controle de seus cérebros.

Mas já imaginávamos que um protótipo incompleto seria extremamente perigoso. Se conseguíssemos prolongar o tempo de sobrevivência dos hospedeiros, poderíamos liderar o projeto Nemesis. Este era meu objetivo. Naturalmente, eu estava pensando em usar a nossa mulher cobaia.

Com sua habilidade incomum de sobreviver, ela poderia suportar o protótipo Nemesis por um longo tempo.

Mesmo se falhássemos, não perderíamos nada. Mas nossos experimentos tomaram um rumo inesperado. Nemesis desapareceu quando tentou invadir o cérebro dela.

Inicialmente não conseguíamos entender o que aconteceu. Nunca pensamos que ela poderia dominar o parasita.
Isso foi só o começo.

Até aquele momento, ela mal estava viva, mas algo estava prestes a despertar dentro dela. Precisávamos começar a examiná-la outra vez.

Durante os últimos dez anos, ela foi checada até os mínimos detalhes, mas decidimos ignorar os dados antigos e começar a coletar novos. Agora, pela primeira vez em seus 21 anos aqui, algo que ninguém havia visto estava para ser revelado.
Após muitas análises, somente Birkin percebeu algo.

Definitivamente algo existia dentro dela. Isto, entretanto, foi além do projeto original do T-Virus e nos levou a uma direção totalmente nova e diferente.
Este era o início do Projeto G-Virus, o qual mudou todos os nossos destinos.

(O Registro Continua 7 Anos depois)
G-Virus
31 de Julho de 1995 (Segunda)
(Sete anos após o registro anterior)

Era verão novamente e fazia 17 anos desde que eu visitei Arkley pela primeira vez. Em todas as vezes em que eu fui até lá, lembrava do cheiro do ventos daquele dia. Nada havia mudado desde aquela época, nem mesmo as construções e as redondezas. Eu pude ver Birkin, que já havia chegado, parado no heliporto. Eu não o via há muito tempo.

Passaram-se quatro anos desde que deixei o Laboratório Arklay. Naquela época, quando o projeto G-Virus de Birkin foi aprovado, pedi transferência para a Agência de Informações e fui rapidamente aceito. Deveria parecer natural o fato de eu estar desistindo da minha carreira como pesquisador e procurando mudanças.
Na verdade, o Projeto G-virus estava além das minhas habilidades. Mesmo que eu não tivesse nenhuma razão para descobrir qual a verdadeira intenção de Spencer, era verdade que eu havia sentido que minhas aptidões como pesquisador haviam chegado ao limite.

Apesar da forte corrente de ar causada pelo helicóptero, Birkin não tirou os olhos dos papéis da pesquisa. Apesar de parecer que ele ia a Arklay regularmente, ele não pesquisava mais naquelas instalações.

Há algum tempo, ele foi transferido para um enorme laboratório subterrâneo em Raccoon City, que era a sua base para desenvolver o projeto G-Virus, comandado por ele próprio. Honestamente, há quatro anos atrás, eu nunca tinha pensado que Spencer fosse aprovar o Projeto G-Virus porque ele foi desenvolvido a partir de uma idéia desconhecida e desviava do conceito original de arma biológica.

A diferença entre o T-Virus e o G-Virus era que o organismo infectado pelo G-Virus continuava a mutar por si só. Por um vírus ser uma forma desprotegida de um gene, pode sofrer mutações facilmente. Essa mutação pode acontecer enquanto o vírus está livre, mas quando ele está dentro de outro organismo, é uma outra história.
Um gene de um organismo raramente muta mesmo que a sua estrutura seja modificada por um vírus, a não ser que alguma influência externa, como exposição à radiação, ocorra. Entretanto, um organismo infectado pelo G-Virus continua sofrendo mutações sozinho, sem nenhuma influência externa, até que morra.

Algumas dessas características também existem no T-Virus. Quando colocávamos as armas biológicas vivas sobre condições específicas, registramos algumas recombinações gênicas causada por um vírus ativado nesses organismos. Mas no caso do T-Virus era sempre necessária alguma influência externa para disparar a recombinação e os resultados eram sempre próximos dos que prevíamos.

Organismos infectados pelo G-Virus eram totalmente imprevisíveis.
Ninguém podia prever que tipos de recombinação iriam ocorrer, e independente de qualquer coisa que tentasse interromper o processo, o organismo continuava sofrendo mutações sem parar, fazendo com que nossa manipulação fosse inútil.

Sete anos atrás, Birkin encontrou sinais deste efeito na cobaia feminina. Exteriormente ela não havia mudado em nada, mas internamente, ela mudava continuamente e continuou viva mesclando-se e coexistindo com todos os vírus experimentais que foram administrados a ela. E os 21 anos de mutações internas a desenvolveram o suficiente para que seu organismo aceitasse o parasita Nemesis.

O Projeto G-Virus estava tentando levar essa anormalidade ao seu limite máximo.
Mas o resultado desse projeto poderia ser tanto a evolução de um organismo ou sua total destruição.

Podemos mesmo chamar isso de arma?
O que fez com que Spencer aprovasse esse projeto?

Embora eu tenha estado na Agência de Informações por quatro anos, eu ainda continuava sem entender seus verdadeiros motivos. E agora, Spencer nem mesmo ia a Arklay.
Era como se ele estivesse prevendo que alguma coisa estava para acontecer lá.
A imagem de Spencer desaparecendo na minha frente como uma miragem no deserto... Mas uma oportunidade deve aparecer em algum momento.
Se eu sobreviver até lá.

O elevador estava levando a mim e Birkin ao nível de segurança máximo, ao lugar onde nós vimos “Ela” pela primeira vez. O novo chefe de pesquisa, John, sucessor de Birkin, estava nos esperando lá.

Ele foi transferido do laboratório de Chicago e era considerado um excelente cientista, mas ele parecia muito normal para trabalhar nesse laboratório. Ele tinha duvidas sobre a crueldade da pesquisa e reportou ao seu superior para corrigir a situação.

Isso causou um grande tumulto, até mesmo na Agência de Informações.
Todos compartilhavam da opinião de que se alguma informação havia vazado, teria sido por ele. Nós ignoramos John e começamos a dar o tratamento final à cobaia.

Matá-la.

Ela estava ganhando inteligência após ter dominado Nemesis. Mas isso resultou em nada além de fazer com que seu comportamento ficasse estranho.

O comportamento esquisito começou a se agravar. Hoje, ela arranca a pele do rosto de outras mulheres e coloca sobre a sua própria. Os registros mostram que ela se comportava da mesma forma quando administraram o vírus-mãe nela. Nunca estivemos certos sobre o que fez com que ela agisse dessa forma, mas o seu extermínio foi decidido após três pesquisadoras se tornarem vítimas.

Agora que o estudo sobre o G-Virus estava em andamento, ela perdeu seu status de cobaia valiosa.

A interrupção de seus sinais vitais foram checadas e confirmadas repetidamente pelos três dias seguintes. Depois, seu corpo foi levado para algum local sob instruções do diretor do laboratório. Até agora eu não sei o que ela era e nem o porquê de ela ter sido trazida para cá. Claro que isso foi exatamente idêntico com as outras cobaias.

Entretanto, se ela não estivesse aqui, o Projeto G-Virus jamais teria existido e eu e Birkin estaríamos em condições bem diferentes. Quando deixei o laboratório, estava pensando em algumas coisas...

Como Spencer podia ser tão calculista?

(O “caso” começou três anos após esse relatório).
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